1935-2015 - Veridiana Rodrigues de Castro - MENININHA


Veridiana Rodrigues de Castro, "Menininha", nasceu em Formosa em 02 de outubro de 1935, filha de Veridiano Rodrigues de Castro e Maria Sefisa Chaves, foi irmã de Maria Lícia de Castro Trindade, Genilton de Castro, Darcy de Castro, Darcy Chaves, Raimundo de Castro e Violeta de Castro.
Menininha era filha de Veridiano, que foi vice-intendente municipal (vice prefeito) de 1915 a 1923 e intendente municipal (prefeito) de 1927 a 1930.

Menininha teve a sua infância em uma casa com cinco cômodos assoalhados, três cômodos acimentados e um térreo, linda casa com quatro janelas de frente e entrada lateral, onde um alpendre moderno estampava em seu chão parte assoalhado e parte mosaico. Eram seus vizinhos a família de Antônio de Castro e João Gonçalves de Almeida. A casa foi construída pelo Veridiano em um terreno que ele comprou de Feliciano Soares de Souza. O imenso quintal foi o lugar onde Menininha corria e se desenvolvia cada vez mais.

Enquanto adolescente, estudou em regime de internato na Escola Normal Nossa Senhora Auxiliadora (atual Colégio Auxilium) na cidade de Anápolis GO e voltando para Formosa fez o "Normal" (ensino médio) no Colégio São José. Por paixão, depois de algum tempo voltou para os estudos onde fez o Curso Superior de Teologia no Colégio do Planalto.

Em 11 de maio de 1957 se casou com o cirurgião dentista Dr. Sebastião Barreto, com quem teve 05 filhos: Sandra Virgínia, Virgílio, Sérgio Antônio, Vander e Vânia Maria.

Profissionalmente além de ter trabalhado como normalista no Colégio São José, ficou eternizada como Diretora da OSEGO - Regional de Saúde de Formosa, onde entrou em 23 de setembro de 1983, permanecendo até o ano de 2010.

Católica apostólica romana, teve sua vida dedicada à Catedral Imaculada Conceição, onde foi ministra da Eucaristia, participou do Apostolado de Oração, da Pastoral da Liturgia, do grupo das Leigas do Colégio São José, foi Sacristã, devota e colaboradora da festa do Divino Espírito Santo, professora de catequese no Colégio Planalto, além de ser uma verdadeira "pidona", dom que executou com maestria, conseguindo muitas doações para as festas, para a reforma do Seminário, para as portas e vitrais da Catedral Imaculada Conceição, entre tantas doações de caridade.
Passeio à Gruta Sagrado Coração





Com saúde debilitada, Dona Menininha nos deixa no dia 06 de fevereiro de 2015.

Padre Joaquim, jovem sacerdote que era tratado como um filho pela Dona Menininha, escreve uma homenagem póstuma para essa ilustre católica:

Dona Menininha
Num mundo cada vez mais imerso no relativismo, sem ideias de fé, ver uma mulher de fé como Dona Menininha morrer com certeza levará a tantas críticas, tantos questionamentos. Como pode uma mulher dessas morrer? Deus não olhou por ela? Ela que vivia dia e noite só na igreja, Deus não fez nada por ela? Tantos questionamentos podem surgir não é verdade?

De fato... Uma mulher como essa não morre jamais. Porque quem vive pela fé não acredita em morte, mas em Páscoa, a passagem desta vida terrena para a outra vida que é eterna. Só morre de fato quem não crê. Hoje celebramos com ela sua Páscoa. O Deus que ela serviu e buscou hoje a recebe em Sua Casa, de Braços abertos, dizendo: seja bem-vinda!

Não quero jamais nesta homilia canonizá-la aqui em sua missa de encomendação. Nós hoje podemos recordar aqui uma mulher que eu considero POLÊMICA. Nela não cabia duas coisas ao mesmo tempo. Ou era sim ou era não. Com ela não havia meio termos. Gostava de se intitular sincera. Eu sou sincera. Porque provocava nas pessoas essa reação. Nela não havia mesmo falsidade. Considerada por muitos brava, bruta, mas não a via assim. Via uma mulher sincera. Ou se gostava ou não.

Como cidadã formosense vai deixar suas marcas de época em que era diretora da OSEGO, e podia ajudar pessoas na área da saúde. Uma marca forte dessa mulher será sempre que jamais cansou suas pernas e pés, sempre andando nestas ruas de nossa cidade, em busca de ajudar a igreja. Seja vendendo os famosos bingões, seja pedindo ajuda para o seminário, seja pra lá e para cá nas festas dos padroeiros vendendo binguinhos e outras coisas mais. Uma incansável na busca de se colocar para ajudar a igreja. Sabia defender os padres como ninguém. Dizia ter uma língua afiada, mas creio que não venenosa. Ficava brava sim, mas para defender as coisas da sua fé. Sentiremos sua falta. Quem não se recordará de sua voz grave enroquecida lendo as intenções das missas nesta Catedral? Hoje sua voz foi calada pela sua morte, mas creio que a usará para louvor a Deus na eternidade. 

Para muitos, pode ser como disse, polêmica, no seu jeito de ser e agir, ela será lembrada por tantos adjetivos. Para a família, uma mãezona, amorosa, preocupada, carinhosa, mandona, enfim tudo que uma boa mãe significa. Vovozona também. Será lembrada por seu jeito extrovertido de ser. Pelo jeito autoritário de ser, que não levava desaforo pra casa, mas também de se impor onde preciso fosse. Será pela incansável forma de pedir, pedir, pedir. Vender livrinhos, carnês e tudo mais em prol da Igreja. Uma mulher vista como forte, guerreira, autêntica, até autônoma. Vaidosa também será lembrada. Sempre nos trinques, de cabelos loiros sempre pintados, arrumados, uma tal perfume que sempre usou que ficará marcado nos olfatos de todos nós. Lembrada porque não gostava de jeito nenhum que a chamasse de VERIDIANA. Sou Menininha, dizia. Mesmo sem saber que em seu nome tem um pouco do latim VERITAS, que quer dizer verdade, que era o que sempre lutou por preservar, mas preferiu ser lembrada como uma menininha que cresceu, mas continuou com um coração de criança, sem mágoas, sem manchas. Lembrada pelos tantos ministérios que assumiu e participou na nossa igreja: a RCC, desde a época de Dom Victor. Fiquei sabendo que até o Catecumenato que Dom Victor quis implantar na época só ficou ela no grupo. Participou do movimento Serra. Foi ministra extraordinária da Comunhão Eucarística, da Pastoral da Liturgia, participou da Pastoral da Esperança, foi catequista por muitos anos e fez o curso de Teologia para leigos. E por aí vai. Quem vai esquecer de que ali pela tardezinha já não via ela descendo pra cá para adorar Jesus, rezar o santo terço antes das missas diárias? Bom legado que espero que seja deixado para tantos nós. Podemos assim dizer: uma vida inteira doada, entregue. Serva!

Mas para mim, este pobre jovem sacerdote, ela será lembrada além disso tudo, como apenas minha grande amiga e colaboradora de todas as horas. Nunca me virou as costas para nada. Vivíamos brigando igual cão e gato. E ela ria e achava bom isso tudo. Mas não esqueço que em cada mensagem que mandava pelo celular, ela assinava sempre: de SUA AMIGA: MENININHA. Foi esta única amiga que colocou os padres daqui quase doidos, mas os obrigou a levá-la junto consigo para o velório do meu pai. Ela não admitia não poder estar comigo numa hora daquela. E ali ficou comigo e meus familiares. Jamais esquecerei tal gesto de solidariedade. Hoje me sinto órfão também. Perdi uma amiga, perdi uma mãe que sempre me estendeu a mão quando mais precisei. Perdi quem sempre me defendeu de todas as formas. O Seminário também fica órfão de quem mais benfeitora o foi dele. A Catedral também ficará mais vazia sem essa presença tão especial e forte. Mas Deus olhou por ela, ouviu suas preces e de todos nós. Uma mulher tão disposta assim não poderia viver em cima de uma cama, sofrendo.

Mas o céu está em festa. Uma filha amada de Deus chega lá, fazendo as algazarras que fazia por aqui. Animada, gostava de festa, de dançar, de tomar uma cervejinha arretada. Lá também fará festa com os anjos e santos. Deus hoje a recebe em sua casa, assim como nos disse o evangelho proclamado: Na casa de Meu Pai há muitas moradas. Vou preparar-vos um lugar. E ela dirá como Jó disse um dia: Eu sei que o meu redentor está vivo e no último dia Se levantará sobre a terra. Revestida da minha pele, estarei de pé; na minha carne a Deus. Eu própria o verei, meus olhos o haverão de contemplar.

E o livro da sabedoria nos ajuda a encerrar sobre a sorte dos justos: "Aos olhos dos homens eles sofreram um castigo, mas a sua esperança estava cheia de imortalidade. Depois de leve pena, terão grandes benefícios, porque Deus os pôs à prova e os achou dignos de si. Experimentou-os como sacrifício de holocausto. Os que n'Ele confiam compreenderão a verdade e os que Lhe são fiéis permanecerão com ele no amor, pois a graça e a misericórdia são para os seus santos e a sua vinda será benéfica para os seus eleitos." Sab 3,1-6.9 

Vá em paz, dona Menininha pela nossa fé cremos que esta despedida é momentânea. Um dia nos encontraremos na casa do pai.

Pe. Joaquim Regis Filho





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