1928-1994 - Eduardo Nunes Martins (Eduardo Martins)


Eduardo Nunes Martins (Eduardo Martins) nasceu no dia 27 de julho de 1.928, na cidade de Oeiras, Piauí, filho de Antonio Alves Martins e dona Celina Nunes Martins. Faleceu no dia 25 de março de 1.994.

Eduardo Martins, filho de Antonio Alves Martins, influente político na região de Oeiras, sendo inclusive o patrono da Escola Municipal Antonio Alves Martins no povoado de Tamboril, cidade de São José do Peixe - PI. "Seu Tonho", como era conhecido, teve junto com a sua esposa dona Celina, uma prole de oito filhos, os quais juntos, conduziu com grande maestria em educação, respeito e caráter. Casal de lisura invejável, teve a felicidade de projetar em seus filhos, o princípio da honestidade, honradez e trabalho.

Aos 18 anos, Eduardo Martins saiu da sua terra natal rumo a São Paulo, buscando realizar um sonho de muitos nordestinos da época, que era o de se formar.

Com o diploma de 2º grau concluído e o Certificado de Datilógrafo, matéria obrigatória do currículo escolar, não foi difícil para ele se inserir no mercado de trabalho. Foi admitido nas casas Pernambucanas do Rio de Janeiro.

Ávido em realizar seus sonhos, se dedicou inteiramente ao seu ofício, conquistando a confiança e a admiração do fundador dessa empresa, o alemão Hans Chullipman, crescendo assim muito dentro desta empresa. Tinha como companheiro o amigo, quase irmão, José Correia Lima (Sr. Lima), maranhense que também exercia a mesma função nos tecidos Araguaia. Os dois, com o mesmo propósito, foram juntando suas economias. 

 
No Jornal do Brasil de quinta feira, 09 de outubro de 1.941, Eduardo Martins é um dos contatos que coloca a venda um botequim próximo à Praça Mauá, no Largo de Santa Rita 6. 

Eduardo Martins e Sr. Lima, assim que ajuntaram suas economias, partiram do Rio de Janeiro e mudaram para Rialma Goiás onde, em sociedade, abriram a Casa de Tecidos e Manufaturados "Casa Paulista" de Martins e Lima Ltda. Trabalharam arduamente, sempre visando o crescimento da empresa. A cidade de Rialma Goias, sem estrutura e sem conforto, deu a eles a possibilidade de concretizarem seus projetos. Cresceram e projetaram expandir. Nessa época, Eduardo Martins ouviu de um viajante que Formosa era um lugar que carecia de um comércio mais abrangente e assim resolveu conhecer nossa cidade em maio de 1.954, durante a Exposição Agropecuária.

Eduardo Martins mudou-se para essa cidade e aqui instalou e fundou a "Casa São Paulo". Seu sócio, Sr. Lima, ficou em Rialma cuidando da "Casa Paulista", mas em 26 de novembro de 1.967 ele também troca o nome da loja para "Casa São Paulo".

Formosa recebeu o Sr. Eduardo Martins de braços abertos. Dr. Naby Gebrim e dona Matilde os acolheram como se fosse da família. Dentro de pouco tempo ele era o mais convicto cidadão formosense, pela comenda e por opção.

 
Aos 21 dias do mês de setembro de 1.955, na festa de aniversário de Dr. Naby, ele conheceu Maria Terezinha Curado, que mais tarde seriam namorados.

Nessa foto acima, Eduardo Martins e Terezinha, ainda noivos, pegaram um avião para em 02 de outubro de 1.957 tornou-se sua esposa. Desta união, nasceram Magda Celina e Eduardo Filho.

De acordo com dona Terezinha, Eduardo Martins foi um exemplo de homem onde nunca faltava o ar da graciosidade e o sorriso espontâneo. Homem realmente alegre e contagiante.

Apaixonado por pescaria, Eduardo Martins sempre estava na roda dos amigos contando os seus grandes feitos, sendo que o mais marcante está nessa foto, com dois peixes de quase 5 metros de comprimento (depois de 2 doses de uísque).

Eduardo Martins foi sócio e fundador do Lions Clube de Formosa (clube já extinto), fundado em 25 de janeiro de 1.965. O Lions Clube o propiciou a possibilidade de uma convivência fraterna lutando lado a lado com os companheiros por uma edificação da pessoa humana de uma maneira bem integrada.

Através de um trabalho ferrenho de Eduardo Martins, Synésio Araújo, Benone Oliveira e demais companheiros do antigo Lions Clube de Formosa, essa entidade doou para Formosa duas unidades escolares: Grupo Escolar Leãosinho, hoje Escola Municipal Liãozinho, em 28 de fevereiro de 1.976, logo mais em 16 de maio de 1.977 eles doaram a Escola Municipal Auta Vidal. Antes de 1.977 (não consegui a data exata) esse mesmo clube doou para o Estado o prédio público da Escola Estadual do Primeiro Grau "Lions Club", essa escola no espaço onde hoje está a secretaria do Colégio Estadual Claudiano Rocha. Percebe-se que em julho de 1.977 esse clube recebeu do município de Formosa um crédito de Cr$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros). Em 24 de novembro de 1.992 esse mesmo Lions Clube de Formosa foi declarado como Utilidade Pública Municipal. Além do Lions Clube, Eduardo Martins pertenceu também à Loja Maçônica União e Liberdade.

Eduardo Martins foi presidente da Companhia Telefônica de Formosa e do Banco do Crédito Rural. Na verdade, toda forma de trabalho eram galhos da mesma árvore da dignidade, dizia ele.

Em 1.981, Eduardo Martins e Terezinha foram padrinhos de batismo de Danilo Silva Pessoa de Queiroz. Em poucas palavras Danilo resume: "o que ele representou pra min como padrinho e como amigo, eu jamais conseguiria expressar em papel, Eduardo Nunes Martins, foi um padrinho e amigo enviado a mim por Deus e identificado por meus pais aqui na terra."

Eduardo Martins idealizou e tornou possível a construção do Formosa Tênis Clube. O terreno era inóspito, quase um charco, mas foi nele que Formosa viu o maior e mais importante centro de lazer da época. Nos salões do Tênis Clube foram realizadas as belas e comoventes festas de debutantes, os pomposos bailes de reveillons, promovidos com esmero pelo Lions Clube de Formosa, as badaladas festas de carnaval e majestosos casamentos.

A criação dos filhos foi pautada principalmente na responsabilidade e respeito, bem como na convivência e estudos. Magda e Eduardo Filho fizeram amizades verdadeiras e transmitiam para quem eles encontravam a singeleza e alegria aprendida com o pai. Magda, conforme diz sua mãe Terezinha, já tem mais de 50 anos e até hoje me respeita, pois foi assim que ela aprendeu. Meu filho, a Magda chega aqui em casa e, se tem um pudim na geladeira, até hoje ela me pergunta se pode comer um pedaço! Vou te contar uma coisa: um dia eu falei com a Magda que ela não precisava mais ser assim aqui em casa, sabe o que ela me respondeu? Ela disse que "Eu" era a culpada dela ser assim, porquê foi "Eu" que a eduquei assim... No fundo eu fico muito feliz com a educação da Magda, afinal, não existe mais pais como os antigos, que realmente ensinava seus filhos a terem respeito. Hoje em dia é filho mandando nos pais e isso é muito errado...


 Eduardo Martins, em perfeito congraçamento com a juventude que ele tão bem compreendia, amava realizar sua vocação de cidadão do mundo. Talvez seja por isso que ele não teve sucesso nas eleições que pleiteou à Prefeitura de Formosa, pois ele não era divisível.

Em 25 de março de 1.994, através de um infarto nesse coração magnânimo, inflado de tanto amor, alegria, bondade e, como qualquer bom leonino, valente, ceifou-o do nosso meio, vindo a falecer a carne, mas vivendo eternamente em nossas memórias.

Logo após sua morte, nosso grandioso amigo José Martins Negrão escreveu nas páginas de O 13 de Maio:
      Hoje não tem pescaria, não tem festa no Formosa Tênis Clube e não tem mais aquele bate-papo amigo, acompanhado de uma boa dose de uísque. Hoje não tem mais o meu amigo EDUARDO MARTINS, cabra bão, piauiense arretado, de conversa mansa, consciente, como se medisse e pesasse cada uma de suas palavras que, quando proferidas, tornavam-se lições importantes, um alento, um incentivo, ou mesmo um relax.
      EDUARDO NUNES MARTINS já convivia entre os formosenses por cerca de quarenta anos. Filho natural da pequena cidade de Oeiras, Piauí, onde nasceu no dia 27 de julho de 1928, tornando-se um ilustre cidadão em Formosa, onde trabalhou no comércio de tecidos e confecções com a tradicional Casa São Paulo, ingressou-se na Maçonaria e no Lions Club e participou ativamente da vida social da cidade, tendo sido ele o grande fundador do Formosa Tênis Clube.
       Grande apaixonado por pescaria, sabia atirar uma tarrafa como poucos, inclusive fazendo escola, deixando vários alunos bem formados na arte de pescar. Nunca dispensava uma festa no clube que fundou. Participava de todas as promoções do Lions e da Maçonaria, principalmente as que tinham como objetivo ajudar os mais carentes. Grande amigo, alegre, brincalhão, se viu envolvido numa pilhéria da vida, que dele se afastou numa noite de sexta-feira, dia 25 de março, deixando que seu espírito, aos 66 anos de idade incompletos, fosse conhecer o outro lado, um outro mundo onde, certamente, não faltarão amigos para uma boa pescaria e um bom bate-papo descontraído.
      Com a mesma simplicidade que marcou sua existência ele partiu. Deixou amigos. Deixou saudades. Deixou várias marcas em todas as ruas de Formosa, tão profundas que jamais o tempo apagará, perpetuando como um monumento àquele que soube honrar a terra que o adotou, sendo um de seus filhos mais ilustres.
José Martins Negrão


Comentários