1931-1994 - José Ribeiro Leopoldino (Padre Dino)


Pe. José Ribeiro Leopoldino, mais conhecido como Padre Dino, nasceu em São Gotardo, MG, em 02 de janeiro de 1.931.


José Leopoldino iniciou seus estudos secundários com os Padres Salesianos em Lavrinhas (SP) e Pindamonhangaba; fez o Curso de Filosofia em Lorena (SP) e o de Teologia em São Paulo (SP), onde se ordenou Sacerdote em novembro de 1.956.

Trabalhou como professor e exerceu o múnus sacerdotal em vários colégios e igrejas de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Goiás, como: Goiânia, Brasília, Araxá, Rio de Janeiro, Niterói, Leopoldo Bulhões, Posse, Cabeceiras, Formosa e São João Del Rei.

Conforme informações, lotou de fiéis o Estádio Serra Dourada de Goiânia, por várias vezes, para a celebração festiva da solenidade de Corpus Christi, com a Torcida de Deus.

No dia 22 de abril de 1.993, através da Lei nº 035-NA, o prefeito Victor José de Araújo Filho, concedeu o título de cidadão formosense ao Padre DINO (José Ribeiro Leopoldino), pelos inestimáveis e relevantes serviços prestados à comunidade formosense, especialmente na área da assistência social e educação.


Faleceu em 26 de abril de 1.994, quando o Senhor veio chamá-lo para a última caminhada, em direção à Casa do Pai.

O Jornal O 13 de MAIO de 15 de abril a 15 de maio de 1.994 relata o falecimento do Padre Dino através do colunista Eurípedes Martins Barbosa. Transcrevendo na íntegra o que foi escrito, nesse mesma edição onde o principal assunto era a morte do professor Sérgio Fayad Generoso, lá está descrito:
Outra morte que abalou a sociedade formosense foi a do Padre José Ribeiro Leopoldino, natural de São Gotardo-MG, 63 anos, mais conhecido por Padre Dino, pároco da Igreja Cristo Rei, acontecida no dia 29 de abril.
Segundo informações, ele fora visto pela última vez dias antes. Mas como ele viajava muito e muitas vezes até sem aviso prévio, a sua ausência não despertou maiores preocupações. No dia 29, uma senhora que faz a limpeza da Igreja, ao realizar seu serviço, sentiu um forte mau cheiro, acreditando que pudesse ser até mesmo um animal morto. Como o cheiro fosse forte e nenhum animal morto fora encontrado esta senhora comunicou o fato ao Padre Jarbas Gomes Dourado, também pároco da Igreja Cristo Rei, que antes de realizar a missa constatou o mau cheiro. Após a celebração da missa, o Padre Jarbas abriu a casa do Padre Dino, quando deparou com o mesmo no quarto, caído no chão, morto e já em avançado estado de decomposição. Imediatamente entrou em contato com a Funerária e com a Polícia Técnica, que compareceu no local, quando removeram o corpo para a capela da Funerária Pax Eternal para ser feita a autópsia.
O falecimento do Padre Dino comoveu grande parte da sociedade formosense, principalmente às pessoas que de alguma forma foram beneficiadas por ele. Antes de assumir a paróquia de Cristo Rei, Padre Dino atuou no município de Cabeceiras, onde realizou grandes obras assistenciais, sempre procurando ajudar as famílias carentes, incentivando o trabalho comunitário, dentre outros projetos, cujas rendas eram sempre aplicadas na própria comunidade.
Depois de Cabeceiras, teve uma passagem por Posse, onde deu continuidade a seu trabalho assistencial. Depois de Posse ele veio para Formosa, onde assumiu a paróquia de Cristo Rei. Mais uma vez seu trabalho assistencial apareceu. Sob seu comando foi construído um centro comunitário na Igreja Cristo Rei, uma residência para o pároco, melhorias na praça da Igreja além de incentivar as festas religiosas comumente realizadas na paróquia e o trabalho comunitário, como confecção de roupas, pinturas, diversos cursos profissionalizantes, cujas rendas eram sempre empregadas na própria comunidade.
Apesar do seu dinamismo, parte da comunidade local não aprovou os seus métodos liberais progressistas de se conduzir uma missa, acostumados com as tradicionalidades das celebrações dos cultos. Assim sendo, sua atuação foi questionada e em consequências de ações políticas adversas, contrária à sua visão religiosa, foi gradativamente perdendo espaço, ficando sem uma função específica. Segundo relatos de paroquianos, esta condição o teria deixado desgostoso. Muitas pessoas afirmam que ele até passava fome, vivendo sozinho, sem o apoio de seus superiores. E a sua morte, dizem as pessoas, foi provocada, em parte por estes problemas.


Através da Lei nº 062/01-SMG, de 19 de dezembro de 2001, o então prefeito municipal Tião Caroço denomina uma escola em homenagem ao Padre Dino. A Escola Municipal Padre José Ribeiro Leopoldino está localizada no Setor Pampulha de Brasília, em Formosa GO.


 TESTEMUNHO BRUNO SALLES DE OLIVEIRA


Conheci o Padre Dino por volta de meus 12 anos.Achava interessante sua maneira de presidir a Santa Missa. Ele costumava usar até um globo terrestre quando ia falar sobre um determinado santo, aí ele indicava, no globo, o local de seu nascimento. Padre Dino  também gostava de fazer um paralelo entre a vida real e as novelas, o que desagradava alguns, mas ajudava muitos outros.

Padre Dino não sabia dirigir, mas tinha um carro na garagem da paróquia e quando conseguia alguém para dirigir sempre ia a Brasília para comprar livros, imagens e medalhas que eram vendidas na paróquia. Na verdade, não lembro-me bem se ele não sabia dirigir ou não dirigia em virtude e um grave acidente há alguns anos. Sei que em função dele não dirigir, por muitas vezes o acompanhei em caminhadas da Catedral até a Paróquia Cristo Rei. Conversávamos bastante e eu podia desfrutar de seus sábios conselhos. Muitas orientações serviram-me bastante, outras não segui a risca, talvez pela falta de maturidade. Hoje lembro delas e sei que sempre foram boas e seguem atuais para minha vida adulta.

Padre Dino sabia cativar os jovens, creio que por ele ser padre salesiano (da congregação de Dom Bosco que por toda vida se dedicou aos jovens).

Depois da minha Crisma tornei-me catequista na paróquia Cristo Rei, a pedido da Irmã Zélia, isto fez-me mais próximo do Padre Dino. Pude ouvir dele que, devido as incompreensões sofridas, ele deitava sua cabeça ao lado do sacrário e lá chorava suas angústias. Era diante de Jesus na Eucaristia que ele encontrava consolo. Vi, com admiração, que ele se preocupava muito em visitar os paroquianos e sempre pedia a nós, os catequistas, o endereço das crianças e adolescentes que recebiam os sacramentos da Eucaristia e Crisma: "Após a celebração dos sacramentos a responsabilidade deixa de ser suas (os catequistas) e passa a ser minha" - dizia o Padre Dino.

Ele sofreu muito com as perseguições e abaixo-assinados de pessoas que não o queriam na paróquia. Engraçado, em Formosa sempre houve gente querendo comandar a Igreja mesmo sem ter poder para isso!

Padre Dino viajava muito e o Bispo Dom Victor já havia dito a ele que não se preocupasse e apenas avisasse a ele. Talvez por isso mesmo é que passaram-se alguns dias entre sua morte e a descoberta do triste fato por paroquianos. Seu corpo foi encontrado já com sinais de decomposição e odor.

Durante seu velório a urna permaneceu fechada. Grande número de fiéis acorreram a Catedral para um último adeus.

Já no cemitério central um conhecido de muitos formosenses, o senhor Jacundá, fez o seguinte discurso: "Sobre o grande Padre Dino podemos resumir sua passagem entre nós em quatro palavras: D de Deus, pois ele era alguém dedicado a Ele. I de inteligência e inesquecível, porque era formidável sua capacidade intelectual. N de não porque ele dizia não a tudo que afastava de Deus. O de orgulho, porque Padre Dino era motivo de Formosa orgulhar-se, por tão ilustre morador". Guardei esse discurso em minha memória.

Bruno Salles de Oliveira
29 de Maio de 22018



Comentários